sábado, 25 de dezembro de 2010

Lygia Clark e a Arteterapia: A Arte pela Arte





Lygia Clark (Belo Horizonte, 23 de Outubro de 1920 - Rio de Janeiro, 25 de Abril de 1988) inicia sua carreira artística aos 27 anos de idade como aprendiz do artista plástico, arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx onde começa a estudar o espaço. Estudou com outros grandes nomes. Foi uma das fundadoras do Grupo Frente, atuou no Neoconcretismo e na Tropicália com o parceiro e amigo até a morte Hélio Oiticica. Projetou a pintura para além do suporte e dobrou o plano,experimentou diversos materiais, passa de 'artista' para 'propositora'. Foi uma das pioneiras na arte participativa mundial e símbolo da contracultura.

A trajetória de Lygia a torna atemporal, não se delimitando a apenas um período ou movimento dentro da História da Arte. Lygia estabelece um vínculo com a vida. Seus trabalhos começam a apontar para uma intenção de desvincular o lugar do passivo do espectador, e aproximá-lo de um estado onde o mundo se molda e passa a ser constante transformação.



Ferreira Gullar, Lygia Pape, Theon Spanúdis, Lygia Clark e Reynaldo Jardim


Lygia e um de seus Bichos


“Caminhando”, 1963


Quando você tiver dado a volta na Cinta de Moebius, escolha entre cortar à direita e cortar à esquerda do corte já feito. Esta noção de escolha é decisiva. O único sentido dessa experiência reside no ato de fazê-la. A obra é o seu ato. À medida que se corta na faixa ela se afina e se desdobra em entrelançamentos. No fim, o caminho é tão estreito que não se pode mais abri-lo. É o fim do atalho. (CLARK, 1964 in O Mundo de Lygia Clark)


“Baba Antropofágica”, 1973




Perda total de referências, apreensão, desassossego. Estou entregue. Bocas anônimas abrigam carretéis de máquina de costura, cujas linhas lambuzadas de saliva são ruidosamente desenroladas por mãos igualmente anônimas, para em seguida depositá-las sobre meu corpo. No fluxo do emaranhado-baba plasmou-se um novo corpo, um novo rosto, um novo eu. (in Suely Rolnik: Antropofagia e Histórias de Canibalismo).


“Máscaras Sensoriais”, 1967



"Máscaras órgãos. O próprio órgão é tão importante como o corpo do homem. Tão estrutura como ele próprio. É um apêndice em que ele começa a se religar com os próprios membros. "
Lygia Clark


“Estruturação do Self”, 1976-88


Nosso setting terapêutico







O Homem objeto de si mesmo. (objetos sensoriais) Introspecção total, regressão aparente."
Lygia Clark


A arte por si só já possui o poder de transformação. Na arteterapia, cumpre o seu papel social, como agente de transformação e de humanização. O universo dominante é o da sensorialidade e da materialidade. Pretende dispor de oportunidades para criar, experimentar, apreciar, e logo transformar, tornando o "paciente" um fruidor de cultura, conhecedor do mundo e de si mesmo.

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